Do assentamento à UBS: a história do agente comunitário que transformou raízes em cuidado

Rodolfo

Rodolfo Silva conhece o assentamento Araçá, em Araçatuba, como poucos. Cresceu ali, acompanhando de perto a luta dos pais e vizinhos pela conquista da terra.

“Eu devia ter uns 10, 11 anos quando tudo começou. Participei de toda a trajetória até a conquista, e desde criança tenho contato com essa comunidade”, conta. Formado em Administração, Rodolfo seguiu um caminho diferente do que planejava na juventude.

No último ano da faculdade, foi aprovado em um concurso público e assumiu como Agente Comunitário de Saúde na UBS Taveira — a primeira equipe da Estratégia Saúde da Família da região. Rodolfo também é recepcionista, em outro período, da UBS Umuarama II.

Realidade

A partir do seu trabalho como agente, construiu um vínculo profundo com os moradores. O trabalho revelou realidades que a maioria da população não imagina que ainda existem. A maior parte dos pacientes é formada por idosos, com pouco acesso à informação e aos seus direitos, especialmente por viverem em uma área afastada do Centro.

“Muitos não conseguiam atendimento por causa da distância e da falta de transporte”, relembra. Uma das conquistas que mais orgulha o agente foi a implantação de um ônibus da saúde, que busca os pacientes no assentamento, leva até a UBS para consultas e exames, e depois os traz de volta para casa.

Com o tempo, Rodolfo ajudou a ampliar a estrutura e a resolutividade do atendimento por meio da equipe Estratégia Saúde da família. Graças a parcerias, especialmente com o curso de Medicina do UniSALESIANO e com a Prefeitura de Araçatuba, a unidade passou a contar com especialistas, ações educativas, coleta de preventivo e acompanhamento mais próximo de pacientes crônicos.

Um dos exemplos que ele cita é o projeto Saúde no Campo, que possibilita atender esses moradores de uma maneira bastante eficiente, trocando receitas, examinando, coletando exames e direcionando os casos que precisam de uma atenção especializada.

“A gente tenta trazer o serviço mais completo possível. Até o impossível a gente tenta, porque é uma população que precisa de um olhar mais humano”, afirma.

Sensibilidade

Para ele, crescer no assentamento foi determinante para sua atuação. “Me deu sensibilidade e empatia. Aprendo muito com eles, com as histórias e experiências de vida. É como se fossem minha família.”

Hoje, trabalhando na recepção da UBS Umuarama II e ainda atuando junto à comunidade onde cresceu, Rodolfo se sente realizado. “É gratificante unir o contato com a natureza que eu gosto e o cuidado com pessoas que tenho tanto carinho. Foi um amor que eu construí com essa população. Amo trabalhar aqui.”