Setembro Amarelo: prevenção e cuidado diante do sofrimento psíquico

Fabiana

A campanha Setembro Amarelo é um marco essencial para a prevenção do suicídio e para o fortalecimento da saúde mental. Um dos grandes objetivos da ação está em chamar a atenção para o sofrimento psíquico, que muitas vezes se manifesta de forma silenciosa, mas intensa.

Reconhecer os sinais de sofrimento, oferecer apoio sem julgamento e encaminhar para ajuda especializada podem salvar vidas. Por isso, é fundamental compreender que, na maioria dos casos, se trata de alguém que quer interromper uma dor emocional insuportável. 

“Muitas vezes, a pessoa não quer tirar a vida, mas quer dar fim ao sofrimento que está vivendo”, explica Fabiana Miranda Torres, psicóloga no CAPS-III Adulto ( (Centro de Atenção Psicossocial – Adulto), administrado pela Zatti Saúde em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. 

Entre as condições mais associadas a esses quadros estão a ansiedade, a depressão e o transtorno afetivo bipolar — que, em momentos de oscilação entre euforia e depressão, pode intensificar o risco de autoextermínio.

Entretanto, Fabiana destaca que cada indivíduo vivencia a dor de forma única, de acordo com sua história de vida, suas relações e sua estrutura emocional. Por isso, é essencial que a sociedade resgate o verdadeiro sentido da empatia: respeitar e não julgar a dor do outro.

Sinais de alerta

Os primeiros sinais costumam surgir em forma de pensamentos recorrentes de desamparo, solidão ou falta de sentido na vida. Com o tempo, esses pensamentos podem se transformar em planos, ainda que sutis. Mudanças de comportamento, retraimento social, perda de interesse pelas atividades diárias, descuido com a higiene e com a alimentação também merecem atenção.

É nesse momento que buscar ajuda se torna essencial. A psicóloga reforça que o cuidado não se restringe apenas ao tratamento medicamentoso: ele deve ser integral. No CAPS, por exemplo, o atendimento envolve psiquiatra, psicólogos, assistentes sociais, grupos terapêuticos, oficinas de música, culinária, artesanato e outras atividades que fortalecem o vínculo e devolvem o sentido de pertencimento ao indivíduo.

Onde buscar apoio

Araçatuba conta com quatro CAPS, que funcionam no sistema “porta aberta”, ou seja, qualquer pessoa pode procurar acolhimento sem necessidade de encaminhamento prévio. Muitas vezes, a UBS (Unidade Básica de Saúde é referência inicial da pessoa em sofrimento psíquico, encaminhando ao CAPS quando necessário.

No CAPS-III Adulto, o primeiro atendimento é feito por técnicos de saúde, que avaliam a gravidade do sofrimento e direcionam o cuidado. 

Quando a pessoa não consegue sair para procurar ajuda em uma rede externa, uma alternativa válida é o  CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo número 188, disponível 24 horas por dia. Esse contato pode ser o ponto inicial para buscar atendimento especializado em saúde mental.

No CAPS-III, todo o processo é construído junto ao paciente, por meio de um PTS (Plano Terapêutico Singular), que considera suas preferências e interesses. “Quando a pessoa se vincula ao serviço e às atividades, ela começa a se fortalecer, a se conhecer melhor e a desenvolver estratégias para lidar com as frustrações da vida”, completa.